segunda-feira, março 05, 2007




12 anos...
À 12 anos atrás, durante um fim-de-semana, apareceu-nos uma senhora que queria dar dois gatinhos. Ou os dava, ou os abandonava, porque não os podia ter em casa. Eles não tinham mais que 1 ou 2 semanas, eram muito pequeninos (cabiam na palma da nossa mão), e nunca conseguiriam sobreviver na rua.
Entrei em pânico, e buzinei aos ouvidos dos meus pais até que eles lá deixaram que levasse-mos um deles para casa. Escolhemos ao calhas, e calhou-nos a gatinha... O irmão, um gatinho, foi adoptado por um casal amigo dos meus pais, chama-se Kidi.
A "nossa" levámos para casa, e demos-lhe o nome de Bi. Durante as duas primeiras semanas, ela ficou na casa da minha avó, porque ainda era muito bebé e precisava de alguém que ficasse com ela. Ainda mamava, o que se tornava complicado com os nossos horários de escola e os horários de trabalho dos meus pais.
Passadas as duas semanas, e porque só fazia traquinices em casa da minha avó, veio de vez para nosa casa... Fez muitas... Desde se esconder dentro de gavetas e fazer-nos procurá-la até à exaustão, a chatear-nos durante a noite porque queria brincar, lá foi crescendo e tornando-se mais uma de nós lá em casa. As brincadeiras malucas, deram lugar ao mimo e carinhos, e depressa se tornou numa gata miuto amiga dos seus donos, e conhecedora das nossas maneiras de ser...
Por exemplo...
Com a minha irmã ela bricava às lutas, arranhava-lhe as mãos todas, era com ela que a Bi fazia ginastica e aguçava o sentido da "caça"...
Com a minha mãe, ela não "fazia farinha", obedecia-lhe e respeitava-a como se fosse filha dela... Todos os dias depois do jantar, enroscava-se encostada às pernas ou à barrinha da minha mãe, e ali dormia grandes sestas, como se ali se senti-se protegida do mundo.
Comigo, sempre foi mais de meiguices do que de maluquices... aliás, se eu metesse a minha mão perto dela quando estava na bricadeira com a minha irmã, ela raramente se enganava ou me mordia. Era comigo que nos primeiros tempos ela dormia, e por isso habituou-se a lidar comigo com meiguice...
Com o meu pai a história era outra, o meu pai passou a ser o amigalhaço dela... Era ele que lhe dava os mimos especiais... era ele que a meio da tarde, ia de propósito a casa só para estar com ela um bocadinho... e era também a ele que ela chateava durante a noite para comer ou porque queria festas.
Com a minha avó, a relação era de amor distante... Não se ligavam muito uma à outra, mas estavam sempre por perto... E as tardes, quando estavam sozinhas em casa, eram passadas lado-a-lado.
Agora, passados 12 anos, quase 13, e depois de muitas alegrias e momentos partilhados, o veterinário disse-nos que ela vai morrer. Claro que isso nós todos sabemos... Um dia todos nós vamos morrer. Mas... não agora (acho eu!).
O que é certo, é que embora não saibamos precisamente quando, ficámos a saber que está para breve, e que mais cedo ou mais tarde, teremos que a ir abater. A decisão foi difícil, e não foi tomada de animo leve, mas estamos todos de acordo. Assim que a veterinária nos disser que a Bi está a começar a sofrer, leva-mo-la ao veterinário, e despedimo-nos dela para sempre. Mas ao menos, sabemos que ela não sofre.
No fundo é o que todos queremos, não é?
Morrer sem sofrer. E é isso que lhe vamos dar.
Um final de vida feliz, sem restrições. Vai comer tudo o que gostar, vai fazer tudo o que quiser, e vai ter todos os mimos do mundo.

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