quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Memória de Elefante

Não sei se os elefantes têm ou não boa memória, mas acreditanto que o "povo" tem razão nos seus ditos populares, posso então dizer que devo ser arraçada de elefante.
A realidade é que tenho uma memória assustadoramente boa. É assim como que um computador, com pastas devidamente etiquetadas e com documentos religiosamente guardados. São cheiros, músicas, locais, etc, etc, etc, que se instalaram na minha memória, e que me fazem recordar os momentos que vivi.

Todos nós temos uma memória razoável, e eu ecreditava não ser excepção... mas quando começo a recordar momentos vividos com outras pessoas, e me apercebo que elas já não se lembram de quase nada... e só com a minha ajuda é que lá chegam, fico assustada com a minha memória.
E não estou a falar de momentos importantes... esses todos nós guardamos cá dentro para sempre...
Não sou diferente por me lembrar de todos os segundos do dia em que nasceu a Maria, da primeira vez que olhei para ela e que lhe senti o cheirinho... isso todas as mães se lembram!
Falo sim de momentos corriqueiros, como conversas de café (de à anos atrás), que por terem uma pinga de interesse, nunca mais se apagam da minha memória, ou de dias específicos de fotografias, por exemplo... sou perfeitamente capaz de olhar para uma fotografias qualquer, tirada num dia qualquer e lembrar-me da data, do momento, do porquê da expressão, e do que fizemos naquele dia.
Lembro-me de um incidente de quando tinha 4 anos... e com uma clareza incrivel, embora que por "slides". Ora vejam...
Tinha 4 anos, a minha mãe tinha acabado um perfume a eu pedi-lhe o frasco. Ela disse que não, porque era de vidro e eu podia cortar-me. Quando ela virou costas, "roubei" o dito frasco. Saimos de casa. Quando cheguei ao restaurante do meu Pai, entrei a correr, e cai com o frasco na mão. Cortei a mão. Sangue. O Tó (um amigo dos maus pais) levou-me juntamente com a minha mãe a um Hospital (que à pouco tempo a minha mãe me disse ser o Centro Clínico de Alvalade), as paredes do Hospital eram amarelas (tipo casca de ovo) e o médico que me deu os pontos na mão, tinha barbas pretas, era gorducho e tinha uma bata branca (isto sim, é normalíssimo).
Passados anos, e sempre com isto na memória, perguntei à minha mãe se tinha sido assim, refiro perguntei, ou seja contei-lhe a história toda sem que ela ma contasse a mim. E era realmente tudo verdade. Acertei em tudo.

No gozo, a minha irmã costuma dizer que eu me devo lembrar de quando vi a "Luz" no momento em que nasci.
Lógico que não me lembro de nada disso. Se me lembrasse, juro-vos que eu própria agarrava no meu carrito e me ia internar.

Deve ser por esta razão, que tenho sempre imenso cuidado nas coisas que digo perto da Maria, ou nos acontecimentos que ela presencia. É que não sei até que ponto, ela não sairá a mim...

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